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Angola: Lixo que dá à costa é uma "ameaça" para todos

17 de março de 2024

Os pescadores da província de Luanda queixam-se dos danos que o lixo causa à sua atividade e ao mar. Fazem o que podem para proteger o meio ambiente, mas a quantidade de resíduos que dá à costa deixa-os de mãos atadas.

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Foto: Manuel Luamba/DW

A maré cheia inunda de lixo as praias de Cacuaco, Benfica e Ilha de Luanda, na capital angolana. "O lixo vem mesmo do mar", garante Américo da Costa, um dos pescadores do município de Cacuaco. "Os esgotos que estão nas cidades desaguam no mar e o mar traz de novo o lixo para terra", acrescenta.

José Santos Espelho, um dos pescadores da Ilha de Luanda, dormita ao lado de um amontoado de lixo à beira-mar. Ao mesmo tempo, controla a sua embarcação para que a mesma não seja levada pela fúria das ondas. "Esse lixo saiu mesmo da água. Esse lixo vem da foz dos rios", sublinhou. 

A poluição e o lixo estão a deixar os cidadãos, sobretudo as populações piscatórias, à beira de um ataque de nervos. "Porque o lixo vem em quantidade. Às vezes, metemos a rede na água e quando puxamos o que se vê é tudo lixo", lamentou.

"Peixe vem pouco. O peixe foge: o choco, o camarão, vem mesmo muito pouco", afirmou Américo da Costa.

Consequências para todos

Os pescadores têm noção das consequências do lixo para o meio ambiente. "Nós também ajudamos muito [as empresas de recolha de lixo], porque há momentos em que encontram o lixo já amontoado. Só pegam e levam", contou.

A DW África conversou com Bernardo Castro, da ONG Rede de Terra. Especialista em alterações climáticas, explica que o lixo marinho tem múltiplos danos para o meio ambiente. 

"Traz modificações da estrutura das relações comunitárias das próprias espécies, modifica o habitat natural. Provoca a morte, não só da própria população marinha, mas no âmbito da cadeia alimentar acaba também por pôr em causa a vida e a saúde de quem consome o peixe", relatou.

No ano passado, os países-membros das Nações Unidas assinaram um acordo para proteger a vida marinha.

O tratado prevê que pelo menos 30% dos oceanos configurarão áreas protegidas até 2030. Atualmente, são apenas 1,2%.

Bernardo Castro sugere o que Estado angolano deveria começar a educar os seus cidadãos para a proteção do meio ambiente. "Maximizar a educação ecológica ou ambiental da população, sobretudo esta que habita a zona costeira. E a educação de que falava é no sentido de evitar atirar o plástico ao solo e mar", concluiu.

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