Angola: Aumenta o consumo de bebidas alcoólicas em Cabinda
20 de maio de 2021Em tempos de pandemia, tem vindo a crescer o nível de consumo de bebidas alcoólicas na província de Cabinda. Analistas entendem que a questão deve ser considerada como um problema nacional de saúde pública, encorajada pela quantidade da oferta e pelo baixo preço.
Há uma procura desenfreada de bebidas baratas, como é o caso da cerveja e principalmente um whisky popularmente denominado de "pacotinho" e nas ruas assiste-se ainda a um grande movimento de vendedoras e de consumidores nas barracas de bebidas caseiras logo pela manhã.
Não há números exatos atuais sobre o consumo de bebidas alcoólicas em Angola, mas nas ruas de Cabinda há cada vez mais jovens e adolescentes a consumirem álcool.
Beber passou a ser normal
Alguns cidadãos, ouvidos pela DW África, disseram que atualmente beber todos os dias, e em grandes quantidades, passou a ser "normal". É o caso do Yuri Cabinda, que justifica ter encontrado sossego no álcool.
"Eu consumo por mera necessidade, principalmente quando estou em momentos de fortes reflexões e não quero me sentir autenticamente frustrado. Mas não é um vício, eu só consumo para esquecer certas situações", explica.
Outro jovem do bairro Aeroporto, que preferiu ocultar a identidade, também justifica o que o leva a embebedar-se.
"A bebida alcoólica fortalece-me muito e, além disso, perdi um ente querido e muito próximo de mim, por isso estou a beber".
"Triste realidade”
Mas ainda há jovens em Cabinda que não enveredam por esse caminho como Divua Manuel que está ciente dos perigos do alcoolismo.
"Cabinda é o reflexo deste cenário triste, sobretudo entre os jovens. Esta triste realidade é decisiva para o absentismo laboral e escolar, além do aumento de sinistralidade rodoviária, violência doméstica e mortes", lamenta.
Pascoalina Faria é psicanalista e alerta para os distúrbios psíquicos dos "escravos do álcool".
"O excesso de álcool afeta praticamente todos os órgãos do corpo. Pode enfraquecer o sistema imunológico, lesar o fígado, danificar o coração, aumentar a ansiedade, estimular comportamentos violentos", frisa.
A DW África tentou ainda contactar o Governo, através do órgão da juventude em Cabinda, mas sem sucesso.