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Angola defende "negociações diretas" entre Rússia e Ucrânia

Lusa
10 de maio de 2023

O Presidente angolano, João Lourenço, defendeu hoje "negociações diretas" entre a Rússia e a Ucrânia, entre a Rússia e os EUA e entre a Rússia e a NATO para o fim da guerra na Ucrânia e salvaguarda da paz mundial.

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Foto: Amanuel Sileshi/AFP/Getty Images

"A guerra na Ucrânia que persiste, por mais de um ano, arrisca ganhar proporções que ameaçam cada vez mais a paz e a segurança mundiais, pelo que tudo deve ser feito para se evitar o escalar do conflito", disse hoje João Lourenço na cidade de Menongue, província angolana do Cuando-Cubango.

Para o Presidente angolano "é necessário que haja diálogo entre a Rússia e a Ucrânia para o estabelecimento de um cessar-fogo que abra caminho à negociação de uma paz definitiva, a soberania e a integridade territorial de Ucrânia devem ser respeitadas como consagrado no Direito Internacional e na Carta das Nações Unidas à que todos nós estamos obrigados a respeitar".

João Lourenço recordou que Angola se defendeu-se a agressão do exército do apartheid da África do Sul, "mas na hora de negociar a paz teve de o fazer com o envolvimento de outros Estados negociando e assinando os acordos quadripartidos de Nova Iorque".

Nesta conformidade, observou, "defendemos não só a necessidade do estabelecimento de negociações diretas entre a Rússia e a Ucrânia, entre a Rússia e os Estados Unidos como também entre a Rússia e a NATO para assegurar uma paz duradoura não apenas para a Ucrânia, mas para a Europa e para o mundo".

Presidente angolano apela ao diálogo entre a Rússia e a Ucrânia para o estabelecimento de um cessar-fogo
Presidente angolano apela ao diálogo entre a Rússia e a Ucrânia para o estabelecimento de um cessar-fogo Foto: Valentin Sprinchak/TASS/IMAGO

Evitar "confrontação nuclear"

"Evitando-se desta forma uma perigosa confrontação nuclear", salientou, quando discursava na abertura da reunião das chefias militares angolanas, que decorre naquela província sul de Angola.

Falando na qualidade de Comandante em Chefe das Forças Armadas Angolanas (FAA), João Lourenço referiu também que o momento "é crucial" para se começarem a dar "passos concretos" na busca das soluções para o alcance da paz (na Ucrânia) "pela via negocial".

"Para não nos arrependermos mais tarde", considerando também ser esta a "altura certa" para a serem dados passos concretos para se fazerem "reformas necessárias" no Conselho de Segurança das Nações Unidas, no FMI, no Banco Mundial e na Organização Mundial do Comércio.

Presidente angolano assiste a manobras militares no Cuando Cubango (arquivo)
Presidente angolano assiste a manobras militares no Cuando Cubango (arquivo)Foto: Lee Bogota//REUTERS

Manobras militares das FAA

O chefe de Estado angolano, que dirige a reunião das chefias militares angolanas, está desde terça-feira no Cuando-Cubango, onde assistiu as manobras militares dos três ramos das FAA. Estas manobras "realizaram-se no mês de maio altura do ano em que se comemora a vitória da humanidade sobre o nazismo, responsável pela perca de 50 milhões de vidas humanas entre as quais as do povo judeu vítima do holocausto", recordou.

"Apesar de importantes conquistas, o mundo de hoje ainda não é tão seguro quanto seria de desejar, continuam a surgir no mundo ocorrências perigosas como a ameaça da confrontação nuclear, o terrorismo internacional", frisou.

As tomadas de poder inconstitucionais, as guerras de agressão, invasão, ocupação e anexação de parte de territórios de países soberanos e o mercenarismo ao serviço de Estados, disse, também colocam em causa a segurança mundial.

Considerou igualmente, na sua intervenção, que o mundo "acompanha com muita atenção e preocupação" a tensão na península coreana, o conflito Israelo-palestiniano, o degradar da situação de segurança na região o Sahel em África, no leste da RDC, em Moçambique e no corno de África.

"Encorajamos as partes beligerantes no Sudão a estabelecer um cessar-fogo para negociar a paz definitiva que ponha fim a guerra que em poucos dias ceifou centenas de vidas, criou milhares de deslocados internos e de refugiados para os países vizinhos", defendeu ainda João Lourenço.

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