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Pacote autárquico em Angola aprovado "sem polémica”?

Maria João Pinto
17 de junho de 2020

Em entrevista à DW, o deputado João Pinto do MPLA disse que o processo de instituição do poder locar em Angola está a "correr bem” e que as leis de ação foram aprovadas por unanimidade. O que falta para marcar eleições?

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Angola Wahlen Stimmenauszählung
Foto: Getty Images/AFP/M. Longari

 

Os deputados angolanos devem debater e aprovar esta quarta feira (17.06) mais uma proposta de pacote legislativo autárquico em Angola. Desta vez vai ser a proposta de lei sobre os símbolos autárquicos de iniciativa do Governo que entrou no Parlamento em março.

A instituição do poder local em Angola deveria acontecer este ano, mas ainda não há data de eleições e o ano parlamentar termina já em agosto. O que está a faltar?

À DW África, João Pinto, deputado do partido do poder, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) esclarece que o processo autárquico está a correr bem e que as leis de ação foram aprovadas por consenso "sem polémica”. No entanto, o deputado não se compromete com uma data eleitoral e reforça que isso cabe ao Presidente da República, João Lourenço.

DW África: Estará o processo de institucionalização das autarquias concluído a tempo de se realizar as primeiras eleições autárquicas angolanas ainda este ano, tal como previsto?

Movimento Revolucionário Flagge von MPLA in einem CAP Aktions Komitee
Bandeira do MPLA, partido no poder em AngolaFoto: DW/ Pedro Borralho

João Pinto (JP): Até agora está-se a discutir o pacote autárquico. As leis foram aprovadas consensualmente: a lei da tutela administrativa, a lei da organização funcionamento das autarquias locais, a lei orgânica do poder local, a lei das eleições autárquicas, a lei das finanças locais e vamos aprovar a lei dos símbolos das autarquias locais. Quando terminar o pacote legislativo caberá ao Presidente da República, ouvindo a constituição da república como manda a lei, tratar e convocar as eleições.

DW África: Há tempo para aprovar todo o pacote até ao fim do ano parlamentar que é em agosto e ainda preparar e realizar as eleições?

JP: Vamos aguardar só concluir o processo, que está a correr bem felizmente, quando muitos não contavam. Conseguimos aprovar a lei de ação sem polémica e acredito que ao terminarmos o Presidente da República a quem cabe neste caso, ouvindo a Comissão Nacional Eleitoral e o Conselho da República, tratar da questão.

DW África: Outra questão de quem critica estes atrasos e esta demora, é o facto de, além de não haver uma data, também não há candidatos. Dentro do MPLA já se fala em algum prazo para esta questão dos candidatos, por exemplo?

JP: As estratégias dos partidos políticos são internas. O candidato, o partido e as pessoas interessadas estarão a preparar, quer na oposição, quer no MPLA. E concluído o pacote autárquico, criadas as condições de implementação, os candidatos aí vão primeiro achar as comissões instaladoras.

UNITA quer ganhar as autárquicas em Angola

DW África: Há quem acuse os deputados de terem perdido muito tempo a debater algumas questões, como por exemplo a do gradualismo e que foi um pouco politizada esta questão do poder local. Concorda? A que se deve esta demora da institucionalização do poder local em Angola?

JP: A reposição da administração do Estado tem há volta de 14/13 anos. A paz tem 18 anos. As primeiras eleições foram há 12 anos. Não se pode falar que há uma demora. Razões históricas, objetivas e estruturais levaram a que Angola não tivesse implementado as autarquias locais com brevidade. Nunca dali saiu a consagração constitucional que diz que as reformas deverão ser feitas de forma gradual, de forma a atender os vários requisitos de natureza financeira, de recursos humanos, imobiliários ou patrimoniais, o que é normal. Nenhuma reforma é feita de forma abrupta, tem de ser sempre por fases. Até o desconfinamento da Covid-19 teve de ser faseado. E acredito que ultrapassada a questão do regime jurídico - que já foi ultrapassado e aprovado por unanimidade por todas as bancadas parlamentares - acredito que as leis que faltam também vão ser levadas a bom porto.

DW África: Imaginemos que realmente não é possível, que há aqui uma lentidão na aprovação. Uma das alternativas que tem vindo a ser sugerida é realizar as autárquicas em 2022 em simultâneo com as eleições gerais. O que lhe parece esta possibilidade?

JP: Isto será só depois de concluído o pacote [autárquico] e caberá ao Conselho da República e às lideranças. Não vejo que tenhamos que marcar uma data, não nos compete a nós. É um poder próprio do Presidente partilhado com órgãos de consulta. Vamos esperar o momento próprio sem ansiedade.

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