Angola: Caminhos de Ferro de Luanda mantêm greve
19 de janeiro de 2019A greve, por tempo indeterminado, dos trabalhadores dos Caminhos-de-Ferro de Luanda (CFL) prossegue na próxima semana e com a suspensão, a partir deste sábado (19.01), dos únicos dois comboios em circulação.
Em declarações à agência Lusa, o secretário da Comissão Sindical para os Assuntos Jurídicos, Dias Kinquela, em jeito de balanço da greve iniciada na segunda-feira (14.01), disse que os protestos vão continuar e que a lei estabelece que os serviços mínimos funcionam apenas do primeiro dia de greve até ao quinto. "Os serviços mínimos ficam suspensos a partir de sábado", garantiu o sindicalista.
Desde o arranque da greve, segunda-feira, apenas dois dos 17 comboios do CFL estavam a circular com a realização de duas viagens, assegurando o transporte de manhã e à tarde de cerca de 350 passageiros em cada período.
Sem acordo entre as partes
Segundo Dias Kinquela, na quarta-feira (16.01), foi realizado um encontro entre a comissão negociadora e o Conselho de Administração do CFL, mas o principal ponto de divergência, como já tinha noticiado a DW África no início da semana, os aumentos salariais, mantém-se sem solução. "Mesmo com a presença do secretário de Estado para os Transportes Terrestres não houve solução, a empresa continua a dizer que não tem dinheiro, recorreu-se ao Estado, que até aqui ainda não se pronunciou", disse.
O sindicalista referiu que o titular da pasta dos Transportes em Angola orientou a elaboração de um memorando, que foi já submetido à Casa Civil da Presidência da República, mas ainda não há resposta.
No encontro, avançou Dias Kinquela, o secretário de Estado e o conselho de administração da empresa pediram à equipa negociadora para se suspender a greve, mas os representantes dos trabalhadores consideraram não ter legitimidade para atender a esta solicitação.
"Até aqui a administração também ainda não nos deu nenhuma contraproposta, argumentando que não têm capacidade para aumentar sequer 1%. Isso frustra os trabalhadores", frisou o sindicalista, acrescentando que este ponto representa 60% das reivindicações.