EUA voltam a acordar sem saber quem será o novo Presidente
5 de novembro de 2020Geórgia, Michigan, Nevada e Pensilvânia alertaram já na quarta-feira (04.11) que precisam de mais horas, quem sabe até dias, para conseguir contar os votos por correspondência que chegaram em números históricos devido à pandemia de Covid-19.
Por causa do peso que têm no Colégio Eleitoral, os quatro estados podem decidir quem será o vencedor das 59.º eleições norte-americanas: Donald Trumo, atual Presidente e candidato republicano, ou Joe Biden, o candidato do Partido Democrata.
O vencedor das presidenciais norte-americanas, escolhido por voto indireto, tem de assegurar, no mínimo, 270 dos 538 "grandes eleitores" que compõem o Colégio Eleitoral.
Biden mais perto de conquistar a presidência
A vitória do candidato republicano parece cada vez mais próxima. Biden tem 264 delegados no Colégio Eleitoral e está a um passo de alcançar os 270 delegados que lhe garantem a Casa Branca, enquanto Donald Trump soma 214, entrando neste total o delegado que conquistou pelo Maine.
O candidato democrata já veio a público defender que a contagem dos votos deve continuar: "Ninguém vai tirar a nossa democracia. Nem agora, nem nunca", sublinhou.
Biden também afirmou que, se for eleito Presidente, os Estados Unidos vão regressar ao acordo climático de Paris. Uma declaração feita no dia em que o país, o segundo mais poluente do mundo atrás da China, deixou formalmente o pacto global cujo objetivo é travar a ameaça de uma mudança climática catastrófica, mas que o Governo de Donald Trump decidiu abandonar há três anos.
A saída do acordo, com o qual o Governo do democrata Barack Obama se tinha comprometido em 2015, significa o fim de todos os compromissos que os EUA tinham assumido para reduzir as emissões de gases de efeito estufa até 2025, entre 26 e 28% em relação aos níveis de 2005.
Trump avança com processos judiciais
Em desvantagem, Donald Trump fez acusações de fraude sem apresentar provas e tenta interromper a contagem de votos em três estados. A campanha do candidato republicano decidiu avançar com processos judiciais na Pensilvânia, Michigan e Geórgia.
A ideia é contestar os resultados eleitorais em estados que podem determinar se Donald Trump consegue ficar mais quatro anos na Casa Branca ou se tem de sair, avançou a agência de notícias Associated Press (AP).
Na Geórgia, o Partido Republicano entrou com um processo contra o Conselho Eleitoral do Condado de Chatham e o presidente do partido estadual já anunciou que planeiam processar uma dúzia de condados.
A equipa de Trump também tenta levantar suspeitas sobre a forma como está a ser feita a contagem de votos na Pensilvânia e no Michigan e quer pedir a recontagem dos votos em Wisconsin. "Há relatos de irregularidades em vários condados do Wisconsin", acusou o responsável pela campanha do partido republicano, Bill Stepien, citado pela AF.
A recontagem de votos tem custos e a equipa de Donald Trump já começou a pedir dinheiro aos appiantes para que ação possa avançar. A legislação permite que um candidato peça uma nova contagem quando a percentagem que o separa do adversário é inferior a 1%, mas tem de pagar por cada boletim que volta a ser contado. Segundo a agência de notícias EFE, são necessários cerca de 3 milhões de dólares.
Protestos para defender contagem de votos
Enquanto se aguardam os resultados definitivos das eleições presidenciais; Grupos de ativistas convocaram iniciativas em várias cidades dos EUA, tanto para expressar a defesa do voto como para manter vivos os protestos contra o racismo e a brutalidade policial.
Sob o lema "todos os votos contam, contem todos os votos", centenas de pessoas concentraram-se quarta-feira nas escadarias da Biblioteca Pública de Nova Iorque para protestar contra as tentativas de travar a contagem de votos em estados decisivos.
"Sem ódio, nem medo cada voto conta aqui", proclamou também um grupo de pessoas na capital federal, Washington, numa marcha que obrigou a interromper o trânsito em diversas ruas da cidade.
Já em Detroit, no estado do Michigan, dezenas de apoiantes de Donald Trump gritaram "Parem a contagem!", com polícias em fila para impedir a entrada no edifício onde são contados os boletins. Em Phoenix, no Arizona, ouviram-se cânticos de "Parem o roubo" frente às mesas de voto.