Alemanha respira arte africana por quatro dias
6 de junho de 2011O Festival Africano Internacional de Würzburg, na Alemanha, faz uso da música para unir os continentes e transportar riquezas culturais e humanas de África. Este ano, foram quatro dias para reunir mais de 250 músicos e dançarinos que mostraram na terra de Angela Merkel as influências africanas no mundo.
Ao todo, foram 83 mil pessoas, entre elas alguns artistas, que, entre os dias 2 e 5 de junho, aproveitaram para chamar a atenção para seus países, como foi o caso do compositor Belo, do Haiti. Suas raízes ele vê no Benin e no Togo, mas ele é das Caraíbas.
Segundo Belo, o terremoto de janeiro de 2010 pode ser visto como uma oportunidade para o Haiti: "Cada tragédia faz surgir uma chance para que o país se erga. O terremoto mostrou a todos quantas coisas não funcionam no Haiti".
Para exemplificar, Belo falou do tipo de construção das casas: "Se o terremoto tivesse acontecido na Europa, não teriam morrido tantas pessoas. Depois da catástrofe, eu só pensava que agora é a hora de recomeçar", completa o músico, dizendo que aposta as fichas no novo presidente eleito, Michel Martelly.
Direto de África, ou quase
Durante o dia, uma grande parte da área, onde acontece o festival, se transforma num grande bazar africano. São vendidos vestidos, artesanato, instrumentos musicais e diversas ferramentas e utensílios deste grande continente .
Não só os objetos vêm de África, mas também a música de Calypso Rose. Mesmo a cantora convidada sendo de Trinidad e Tobago, ela canta um estilo musical que vem de África, ou melhor, dos tempos da escravidão.
"A música calypso tem raízes no oeste de África. A minha bisavó foi levada de lá para Tobago como escrava", conta a diva de 71 anos. Segundo ela, as batidas nos tambores acordam para a vida: "É impossível não dançar ao som do calypso".
Na época da escravatura, a música calypso era uma espécie de idioma secreto por meio do qual os escravos se lamentavam ou falavam dos donos das plantações. Estima-se que até final do século 19, quatro milhões de escravos foram levados de África para trabalhar nas plantações de cana-de-açúcar.
Autoras: Carine Debrabandère/Bettina Riffel
Revisão: Marta Barroso