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Alemanha investe com prudência em Moçambique

Bertolaso-Krippahl, Cristina25 de outubro de 2013

A África subsaariana não é uma região privilegiada para investimentos do setor privado da Alemanha. No entanto, estão planeados investimentos alemães em Moçambique no valor de 45 milhões de dólares norte-americanos.

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A agência alemã encarregue de fomentar o comércio e os investimentos externos, a German Trade and Invest (GTAI, na sigla inglesa), acaba de publicar um relatório sobre as possibilidades de investimentos em Moçambique, na sequência de descobertas de reservas avultadas de matérias-primas e os planos resultantes de exploração.

Ao todo, estão planeados investimentos no valor de 45 mil milhões de dólares norte-americanos, o que representa quase o dobro do Produto Interno Bruto (PIB) anual moçambicano, cifrado em 25 mil milhões. Nesta perspetiva, levanta-se a questão sobre as possibilidades realistas de passar do plano à execução.

Possibilidades de exportação aumentam investimentos

Heiko Stumpf, representante da GTAI em Joanesburgo, na África do Sul, autor do relatório sobre Moçambique, responde que "há que ter em conta que Moçambique, propriamente dito, é um mercado bastante pequeno para gasolina e outros combustíveis".

"Há apenas 490 mil carros nas estradas do país", explica, acrescentando que, ainda assim, "a planeada central petroquímica de liquidificação de carvão faz sentido. Por exemplo, acrescenta "as linhas áereas alemãs Lufthansa já firmaram um pré-acordo para a compra de uma certa percentagem da produção anual de querosene para aviões".

As possibilidades de realização destes investimentos crescem com as perspetivas de exportação. Menos sentido, na visão deste perito, fazem os planos para a construção de refinarias de petróleo em Moçambique. Isto, porque as capacidades mundiais de refinação - sobretudo para diesel e gasolina - já hoje são excedentárias, fechando o caminho da exportação. O mesmo não se aplica à produção de fertilizantes a partir da transformação de gás natural.

"O potencial agrícola de Moçambique é muito grande e o uso de fertilizantes é ainda muito limitado. O desenvolvimento da agricultura vai criar um mercado interno muito interessante. Só cerca de 16% dos cerca de 36 milhões de hectares de terra fértil em Moçambique são hoje explorados", diz Heiko Stumpf.

Investidor alemão prefere não correr riscos

Isto para não falar das possibilidades de exportação de fertilizantes para países vizinhos como a Zâmbia, com potencial de desenvolvimento agrícola semelhante ao de Moçambique. Não obstante, interessar o empresariado alemão a investir em África não é tarefa fácil, mesmo com perspetivas tão promissoras como aquelas expostas no relatório da GTAI.

De um modo geral, os investidores alemães preferem evitar riscos e África é considerada uma região de alto risco pela maioria. Mas perante a pergunta sobre se os recentes acontecimentos em Moçambique não serão um entrave a um maior empenho de investidores estrangeiros no país, Heiko Stumpf mostra-se cautelosamente optimista.

"É cedo para dizer. Vamos aguardar o desenrolar dos acontecimentos nos próximos meses, incluindo as eleições autárquicas em Novembro, e as presidencias no próximo ano", defende. "Mas o conflito é regionalmente limitado e a RENAMO não parece ter as capacidades para o alargar. Até agora, não me parece haver indicações para ums deterioração do clima de investimentos em Moçambique", acrescenta.

É um clima aparentemente não muito apelativo para o setor privado alemão, cujos investimentos em Moçambique são comparativamente reduzidos, admite Heiko Stumpf. Se na África do Sul se contam cerca de 600 empresas alemãs, em Moçambique o seu número actual não deve ultrapassar a centena. Mas "o interesse cresce fortemente", observa o especialista. Por exemplo, a Câmara da Indústria e do Comércio e da Alemanha planeia abrir uma delegação em Maputo. "E muitas empresas alemãs abrem ali escritórios, atraídas pelo robusto crescimento económico", salienta.