Alemanha: "Muita coragem para chegar até aqui"
3 de outubro de 2020A chanceler alemã recordou este sábado (03.10) a "revolução pacífica" na República Democrática Alemã (RDA) e aqueles que no Ocidente ajudaram a levar a cabo o processo de reunificação.
"Foi necessária muita coragem para chegar até aqui. As pessoas na RDA que saíram para a rua e encorajaram a revolução pacífica, mas também a coragem dos que na antiga República Federal Alemã (RFA) partiram para a unidade alemã", disse.
"Neste dia, quero agradecer a todos os cidadãos que contribuíram para que a unidade alemã fosse uma realidade", acrescentou a chanceler, recordando ainda os "parceiros no mundo" que "confiaram na Alemanha", numa referência a Moscovo, Paris, Londres e Washington, que não levantaram obstáculos à reunificação.
"Muita coisa aconteceu desde então. Sabemos que hoje é necessário voltarmos a ser corajosos. Corajosos para percorrer novos caminhos por causa da pandemia. Corajosos para superar realmente as diferenças que persistem entre o oriente e o ocidente. Mas também corajosos para trabalhar para a coesão de toda a nossa sociedade", argumentou a chanceler.
Na opinião de Angela Merkel, "trinta anos depois da reunificação, o mundo não é necessariamente mais pacífico, por isso é preciso "coragem” novamente para avançar pelo caminho da paz. "Espero que continuemos corajosos para avançar por novos caminhos, para que aqueles que vêm até nós, os jovens, as crianças, tenham uma boa vida", concluiu.
"Melhor Alemanha de sempre"
Por seu turno, o Presidente Frank-Walter Steinmeier disse que os alemães vivem na "melhor Alemanha de sempre", 30 anos depois que o país foi reunificado.
Falando num evento para marcar o Dia da Unidade Alemã, na cidade histórica de Potsdam, Steinmeier agradeceu a todos que contribuíram para a prosperidade alemã nas últimas três décadas, dizendo que "nenhuma pandemia pode nos impedir de ter orgulho" do progresso do país.
"Nestes tempos, o nosso país mostrou que estamos juntos, que somos fortes e agimos com responsabilidade", disse Steinmeier. O Presidente também fez alusão aos problemas no país, no entanto, dizendo que alguns ex-alemães orientais ainda se sentiam privados de direitos.
"Se as pessoas se sentem permanentemente negligenciadas, se o seu ponto de vista não aparece no debate político, não nos devemos sentir indiferentes. Se a coesão se desgasta e a desconfiança na política aumenta, o terreno fértil para o populismo e partidos extremistas cresce", defendeu.
"Momento decisivo"
A NATO assinalou hoje que a reunificação alemã, concretizada há 30 anos, foi um momento "decisivo" para a Europa e para o mundo, destacando que a aliança atlântica contribuiu para que esse momento fosse "possível".
"O 3 de outubro de 1990 foi um momento decisivo para a Alemanha, para a Europa e para o mundo. Ao proteger a liberdade e a democracia, a NATO ajudou a tornar possível a reunificação pacífica da Alemanha", escreveu o secretário-geral da aliança atlântica, Jens Stoltenberg, na rede social Twitter.
Segundo disse o responsável norueguês, citado também pela agência Efe, "uma Europa unida e um vínculo transatlântico forte continuam a ser vitais para a nossa segurança hoje".
As imagens da queda do muro de Berlim no dia 9 de novembro de 1989 converteram-se no símbolo da queda do bloco comunista e no fim da Guerra Fria.
O processo alemão de reunificação foi validado nas urnas no dia 18 de março de 1990, e posteriormente a união entre as duas Alemanhas selou-se no dia 3 de outubro de 1990.
A partir desse dia, a República Democrática da Alemanha (RDA, leste) deixou de existir e os novos estados federados passaram a fazer parte da unificada República Federal da Alemanha (RFA).