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PolíticaAlemanha

Alemanha condecora Biden na última visita como Presidente

DW (Deutsche Welle)
17 de outubro de 2024

Joe Biden será distinguido com a Grã-Cruz de Mérito na sua última visita à Alemanha como presidente dos EUA, reconhecendo o seu contributo para a amizade transatlântica.

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Joe Biden
Biden é visto como o último grande transatlanticista também porque a Alemanha terá um papel menos central na política externa dos EUA no futuroFoto: IMAGO/Bestimage

O Presidente dos EUA, Joe Biden, está a apenas alguns meses de terminar o seu mandato, o que torna este o momento ideal para uma digressão de despedida. Depois de ter adiado a sua visita devido ao furacão Milton, Biden estará na Alemanha na sexta-feira.

Será o primeiro presidente dos EUA desde George H. W. Bush a ser distinguido pelo Presidente Federal da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito da República Federal da Alemanha. "Com esta distinção, o Presidente Federal reconhece os méritos de Joe Biden na amizade entre a Alemanha e os EUA e na aliança transatlântica, que Biden ajudou a moldar e fortalecer ao longo de cinco décadas", informou a presidência alemã antes da data original da visita, no início de outubro.

A relação entre os EUA e a Europa, e particularmente entre os EUA e a Alemanha, foi sempre muito importante para Biden. O fim da sua presidência marca também o fim de uma era. "Acho que podemos referir-nos a ele como o último presidente transatlântico", disse Michelle Egan, professora na American University em Washington e especialista em relações entre os EUA e a Europa, numa entrevista à DW. "Isto deve-se ao seu longo envolvimento com a NATO, a Conferência de Segurança de Munique e o Comité de Relações Externas do Senado dos EUA, através dos quais conheceu muitos líderes europeus antes de se tornar presidente."

Por que motivo Biden é visto como um grande transatlanticista? 

Biden nasceu em 1942, numa altura em que os EUA ajudavam a Alemanha a reconstruir-se após o final da Segunda Guerra Mundial. Depois da construção do Muro de Berlim em 1961, assistiu à ascensão da Alemanha Ocidental como um dos parceiros mais importantes dos EUA durante a Guerra Fria. 

"[Biden] está na política desde 1972 e a sua visão da política externa foi moldada pela experiência da Guerra Fria", afirmou Peter Sparding, vice-presidente do Center for the Study of the Presidency and Congress, numa entrevista à DW. "A Alemanha era praticamente o epicentro deste conflito." 

Enquanto vice-presidente de Barack Obama, a experiência de Biden em política externa foi crucial. 

"Obama tinha muito pouca experiência em política externa quando se candidatou à presidência", disse Egan. "Isso foi a razão pela qual Biden foi escolhido como vice. Biden tinha as conexões e o conhecimento necessários." 

Embora Obama fosse muito popular na Europa durante os seus mandatos, por ter restaurado as relações transatlânticas após a presidência de George W. Bush, foi Biden quem tinha uma ligação emocional com a Europa, não Obama.

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EUA e Alemanha: muitas semelhanças 

Mesmo hoje, durante a presidência de Biden, a Alemanha continua a ser um parceiro importante dos EUA. Ambos os países estão entre os maiores apoiantes da Ucrânia na sua luta contra a Rússia. Além disso, tanto os EUA como a Alemanha são dos países que mais têm sublinhado o direito de Israel à autodefesa no atual conflito no Médio Oriente. 

Egan salienta que, além de posições semelhantes no cenário internacional, os dois países enfrentam desafios políticos internos semelhantes. "Tanto os EUA como a Alemanha estão a viver uma divisão política", disse a especialista em relações transatlânticas. 

Nos EUA, democratas e republicanos representam dois blocos ideologicamente opostos que frequentemente se confrontam, por vezes de forma acirrada. Na Alemanha, segundo Egan, o crescimento da AfD (Alternativa para a Alemanha), uma força populista de direita e, em parte, de extrema-direita, é um sinal da divisão política entre a população. 

"Um segundo paralelo, na minha opinião, é a questão das fronteiras e do controlo fronteiriço", afirmou Egan. "A Alemanha tem levantado a questão do controlo das fronteiras, apesar da livre circulação no espaço Schengen e na UE." 

Após um ataque em Solingen em agosto de 2024, em que um migrante matou três pessoas, a Alemanha endureceu a sua política migratória, incluindo a introdução ou prolongamento de controlos em todas as suas fronteiras, incluindo com outros Estados-membros da UE. Esta medida foi polémica na Alemanha. 

Nos EUA, a candidata presidencial democrata e atual vice-presidente Kamala Harris enfrenta repetidamente críticas à sua política de imigração e à segurança na fronteira entre os EUA e o México durante a sua campanha eleitoral. Biden tinha atribuído a Harris o tema da imigração no início do seu mandato, mas agora o seu rival, Donald Trump, prefere criticar os imigrantes irregulares, que, segundo ele, são responsáveis por grande parte dos problemas dos EUA.

EUA voltam-se para outros parceiros 

Biden é visto como o último grande transatlanticista também porque a Alemanha terá um papel menos central na política externa dos EUA no futuro. Além disso, a Alemanha deixará de poder contar tanto com os EUA como seu principal defensor da segurança europeia, segundo Peter Sparding. 

"A relação entre a Alemanha e os EUA será diferente no futuro, independentemente de quem for o próximo presidente", afirmou Sparding. "Os EUA estão a focar-se na região Indo-Pacífica e a responder à China como uma concorrente séria. Por isso, há uma expectativa do lado dos EUA de que países como a Alemanha assumam mais responsabilidades dentro e ao redor da Europa."

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