Condenação de Kalupeteka em Angola foi há um ano
5 de abril de 2017Faz esta quarta-feira (05.04) um ano desde que José Julino Kalupeteka foi considerado pelo Tribunal Provincial do Huambo como autor moral de nove crimes de homicídio qualificado, sob a forma consumada, de agentes da Polícia Nacional, em abril de 2015, no monte Sumi, município da Caála.
Condenado a 28 anos de prisão efetiva, José Julino Kalupeteka também foi considerado o principal mentor moral de oito homicídios qualificados, sob a forma frustrada, autor material de um crime de desobediência simples e outro de resistência.
Martinho Tchissingui, coordenador da Associação Mãos Livres, que defendeu Julino Kalupeteka e seguidores do pastor, disse à DW África que ainda aguarda pela resposta do Tribunal Supremo ao recurso interposto pelo advogados.
"Não interferimos no trabalho do Tribunal Supremo e estamos a aguardar de boa-fé se o Tribunal concorda ou não com aquilo que o juíz do Tribunal Provincial sentenciou", explica o advogado.
Mortes por esclarecer
As informações sobre o real número de mortos divergem. O Governo fala em nove polícias mortos e 13 vítimas civis. A oposição chegou a falar em mais de mil vítimas. Martinho Tchissingui confirma a disparidade entre os números apresentados pelas autoridades e os avançados por outras fontes independentes no local.
Por esclarecer continua também a morte de vários seguidores da seita "A Luz do Mundo". Quanto ao facto de nenhum dos familiares das vítimas ter reclamado os corpos dos seus ente-queridos, o ativista acredita ter sido por causa do clima de medo que se instalou na província.
"O Estado anunciou a morte de 13 pessoas no Sumi, que eram membros da seita, mas até hoje ainda não encontramos dados fiáveis sobre onde foram enterradas as pessoas e como foram enterradas", afirma Martinho Tchissingui da Associação Mãos Livres.
Julino Kalupeteka cumpre atualmente pena na comarca de Luanda, para onde foi transferido, alegadamente por questões de segurança.
A DW África contactou os filhos do pastor, que se recusaram a prestar declarações por motivos de segurança.