Costa Júnior diz que Presidente já está em campanha
7 de janeiro de 2022Na primeira declaração pública depois de ser eleito presidente do maior partido da oposição em Angola, Adalberto Costa Júnior respondeu às afirmações feitas pelo Presidente João Lourenço na conferência de imprensa de quinta-feira, segundo as quais a "UNITA está pior do que há uns anos".
O líder do "galo negro" acusa o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) de se esconder atrás das instituições do Estado para hostilizar os adversários políticos.
"O MPLA não está preparado para enfrentar a UNITA e também não está preparado para enfrentar a Frente Patriótica Unida (FPU)", disse Costa Júnior esta sexta-feira (07.01). "Para tal, viola as leis e usa as instituições públicas como muletas. Os órgãos públicos de comunicação social prestam serviços ilegais ao partido-regime, beneficiam da censura que os mesmos dirigem à UNITA e ao seu presidente".
Separar as águas
O presidente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) apela ainda a João Lourenço que separe os momentos em que fala como chefe de Estado angolano e como presidente do MPLA. Segundo Adalberto Costa Júnior, não foi isso que aconteceu na conferência de imprensa de quinta-feira.
"O Presidente da República a falar da Frente Patriótica Unida, apelidada de um espaço fraco! A FPU é competidora do Presidente da República?", questionou.
Para Costa Júnior, o chefe de Estado já entrou em campanha eleitoral e, "arrastando as suas vestes de mais alto magistrado da Nação", põe em causa "a credibilidade das instituições, a separação de poderes e a estabilidade".
Uma "entrevista anormal"
O também líder da Frente Patriótica considera que o partido no poder não está preparado para concorrer com lealdade e em igualdade de condições na campanha para as eleições deste ano.
Adalberto Costa Júnior critica a exclusão da maior parte da imprensa na entrevista coletiva do Presidente da República e considera-a uma prática de regimes comunistas e de inspiração ditatorial.
"O país acompanhou uma entrevista anormal, que viola os termos da concorrência, da ética e até do bom senso, ao serem escolhidos alguns órgãos e excluídos outros, obrigados a enviar com antecipação as perguntas, numa demonstração de debilidade."
Apesar de prever um ano de muita dificuldade, o presidente da UNITA reafirma ter a certeza da vitória nas eleições gerais.
Por isso, desafia o líder do MPLA para um debate nas vésperas do escrutínio: "Vão continuar a fugir aos debates? Vão continuar a esconder-se atrás das instituições públicas e a usar os tribunais como instrumentos de competição partidária? Se estão mesmo prontos e não têm medo, abracem o jogo democrático! Aqui reafirmo a minha disponibilidade".