A África reage à reeleição de Barack Obama
7 de novembro de 2012Em Kogelo, a aldeia queniana de onde é oriunda parte da família do Presidente Obama, os jornalistas quiseram sobretudo captar a reação da sua avó, Sarah Obama: “Barack ganhou porque ama as pessoas e tem os pés bem assentes no chão”, foi a opinião da terceira mulher do avô do Presidente. Não sendo parente de sangue, o próprio Barack Obama já fez saber que considera a nonagenária sua avó mesmo assim, quando, ainda senador, visitou a aldeia em 2006.
E não é para menos: o correspondente da DW no Quénia, John Marwa, constatou que nos últimos quatro anos, a aldeia de Kogelo recebeu eletricidade e outra infraestrutura, tudo após a primeira eleição de Obama em 2008. As expectativas são, portanto grandes, em Kogelo.
Algum ceticismo
Embora alegria pela derrota do seu concorrente republicano, Mitt Romney, tenha sido largamente partilhada pelo continente africano fora, a verdade é que também houve quem, em África, não escondesse algum desapontamento pela política africana do Presidente até à data. Augustin Holl, professor da Universidade de Cheik Anta Diop em Dakar, capital do Senegal, por exemplo, diz-se aliviado com a reeleição “uma vez que a alternativa teria sido desastrosa”.
Mas o investigador não está entusiasmado. Isto porque, a seu ver, o principal interesse do Número Um da Casa Branca em África consistiu no combate ao terrorismo fundamentalista islâmico em África, e não no desenvolvimento do continente: ”Penso que nos últimos quatro anos ele poderia ter inspirado uma política económica mais dinâmica”. Holl aponta para o exemplo a luta contra o movimento terrorista al-Shabaab somali, que “serviu sobretudo para desestabilizar o Quénia”.
Governantes em Cabo-Verde saúdam a reeleição
“Considero que se trata de um grande acontecimento para os Estados Unidos, para o mundo e para a África”. Palavras do primeiro-ministro cabo-verdiano. José Maria Neves, numa primeira reação á eleição de Obama. O chefe do Governo daquele arquipélago foi muito claro: “Trata-se da vitória da tolerância, da liberdade e da inclusão social”. O político não escondeu as expectativas que despertam este segundo mandato de Obama, referindo que a África precisa “neste momento, do olhar atento dos Estados Unidos” e apostando num reforço nas relações entre a África e a América do Norte.
A opinião é partilhada pelo Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca: “Nós esperamos que a liderança americana tenha, a partir de agora, novas condições e um novo impulso para continuar a ter um papel fundamental no âmbito das relações internacionais, e que também possa desempenhar um papel muito relevante para enfrentar com sucesso a crise internacional que nos apanha a todos um pouco”.
Relações futuras entre a África e os Estados Unidos
Tunde Akanni, da Universidade de Lagos, na Nigéria, adverte, no entanto, que os africanos não devem esperar demais de Obama. Apesar da dos seus antecessores africanos, explica, este continente não teve um papel relevante no primeiro mandato. “Tal como no passado, a Europa, e a seguir a Ásia, continuaram a ser o principal foco da política de Washington”. Não obstante, o especialista manifesta um certo otimismo. Com a globalização crescente, o interesse dos Estados Unidos, em África vai crescer: “Os investidores americanos vão acabar por descobrir que têm muitas vantagens em África. Obama pode não ser mágico, mas os ventos da mudança sopram e ninguém os pode parar”.
Autora: Cristina Krippahl
Edição: António Rocha