A profusão de armas na Líbia assusta os cidadãos
30 de setembro de 2011Quando começou a guerra civil, o ex-líder Kadhafi distribuiu armas à população civil considerada leal. Enquanto os rebeldes compraram o seu próprio armamento. O que fazer agora de todas estas armas e dos seus proprietários, os grupos revolucionários é uma crescente dor de cabeça para a população e para o Conselho nacional de Transição (CNT).
Todas as noites, os líbios continuam a celebrar a libertação do regime de Kadhafi. Para dar largas à sua alegria, muitos disparam para o ar. Um perigo, diz o médico, Walid Tersin, que conta o caso de uma menina de sete anos: "Ela estava a brincar ao pé dos pais e de repente caiu no chão, com sangue a correr-lhe do nariz. Os pais levaram-na ao hospital onde constaram que ela tinha uma bala no cérebro. Morreu ali. E isto acontece na Líbia todos os dias".
A população quer que o CNT aja imediatamente
O problema é que cada líbio possui pelo menos uma arma de fogo. A população espera que o CNT resolva agora a situação, comprando as armas ou emitindo licenças. Mas como dispôr destas armas é um dos debates públicos atuais mais acesos em Tripoli. O CNT pretende integrar as armas e os revolucionários nas novas forças de segurança a criar quando Kadhafi for detido ou morto, explica Ahmed Bani, porta-voz do Ministério da defesa do Conselho de Transição:"Quem quiser continuar a ter armas não terá alternativa"
Mas os críticos não querem esperar mais tempo pelo desarmamento, porque as milícias e as suas armas pesadas espalham a insegurança e tentam controlar a Tripoli, apesar de não conhecerem a cidade nem os seus habitantes. O que gera conflitos constantes. Por isso pretendem que as milícias sejam aquarteladas fora da cidade, tendo dirigido uma petição neste sentido ao CNT.
Porém, é duvidoso que o conselho tenha a autoridade para banir de Tripoli as milícias. Foram os revolucionários que colocaram o CNT no poder. Ahmed Bani nega que haja um problema: "Se o líder do Conselho de Transição, Mustafa Abdel Djalil, der ordens às milícias, elas obedecerão, tenho a certeza".
Uma petição contra a presença das milícias
Os autores da petição para a retirada das milícias da capital, como Badreddin al-Najjar, convocaram uma manifestação em Tripoli para sexta-feira, 30 de setembro, para pressionar o CNT a aceitar as suas reivindicações. E ao mesmo tempo lançam um repto ás milícias: "A mensagem é clara: saiam de Tripoli". Se os milicianos realmente abandonarem a capital, e em seguida as outras cidades, então poderá falar-se de uma segunda revolução.
Autor: Björn Blaschke
Edição: Cristina Krippahl /António Rocha