A comunidade de Sofala ameaçada por elefantes
Metuchira, em Sofala, no centro de Moçambique, é alvo de ataques de elefantes. Nos últimos anos foram várias mortes, e os animais têm destruído casas e plantações. Muitos moradores fugiram, mas outros ainda resistem.
"Já não vou ter mais frutas"
Nesta imagem vê-se um cajueiro destruído. Também é possível ver um elefante a poucos metros de uma residência. Segundo relatos dos moradores, pelo menos 17 animais encontram naquela zona um local onde podem "aproveitar e comer folhas" e frutas. "Já não vou ter mais frutas nos outros anos", preocupa-se João Vernijo João.
Medo de dormir em casa
Com sucessivos ataques de elefantes, muitos habitantes de Metuchira não se sentem seguros para dormir nas suas casas. Em vez disso, reúnem-se ao relento à volta da fogueira para afugentar os elefantes. Mas João Vernijo João (na foto) preferiu evacuar a mulher e as crianças para uma zona segura: "Já evacuei o resto de família para vila. Estou à espera de sair também".
Casas destruídas
Quem fica na localidade precisa conviver com a situação. Isto foi o que restou da residência de Saide Ossumane (na foto), na comunidade Retuso A. Elefantes destruíram duas casas, uma delas parcialmente. "Só ouvi as crianças a chorar. Quando saí, os elefantes já tinham deitado abaixo a casa", relata Ossumane.
Reconstruir o que os elefantes destruíram
A casa destruída por elefantes contrasta com a que está a ser construída bem ao lado. Os moradores, no entanto, receiam novos ataques dos paquidermes. "Tive que construir mais esta casa aqui, mas não sei se vai ser destruída porque os elefantes estavam por aqui", conta Madalena Jofrisse, dona das casas nesta foto.
Campos agrícolas não escapam aos elefantes
Além das casas das comunidades, os elefantes também destroem machambas. Plantações de milho, mandioca, banana – várias já foram devastadas. Saide Ossumane lamenta a situação e espera contar com o apoio das autoridades já que não conseguirá produzir nada na sua terra.
Abandonar as casas
Dezenas de famílias decidiram abandonar as suas casas para viver em outras povoações por temer o perigo de morte. Desde 2019, quando se deu o reaparecimento de elefantes na região, cinco pessoas foram mortas pelos paquidermes.
Ação comunitária tenta afugentar os animais
Um grupo de aldeões reúne-se sempre para definir estratégias de afugentamento de elefantes. Liderados por Mulungo Fernando Almeida, eles usam meios próprios para proteger as comunidades. Tocar batuques e acender fogueiras gigantes são alguns dos mecanismos. "Enquanto os fiscais do parque ou do Estado não fizerem nada, nós vamos continuar", diz Almeida.
Morador pede retirada de animais
Arlindo Nhone só quer ver elefantes distantes de Retuso A, porque "aqui não é parque, aqui é aldeia". "Que venham levar esses animais antes das eleições", apela o antigo combatente e morador da região.