19 candidatos disputam presidência em São Tomé e Príncipe
16 de julho de 2021Um total de 123.302 eleitores são-tomenses recenseados escolhem no próximo domingo (18.07) o próximo Presidente de São Tomé e Príncipe, na eleição mais concorrida de sempre.
O sucessor do atual chefe de Estado, Evaristo Carvalho, será o quinto Presidente de São Tomé e Príncipe deste que o país adotou o regime multipartidário. A caça ao voto que decorria há 15 dias termina nesta sexta-feira (16.07) com a última mobilização ao voto juntos dos potenciais eleitores.
A campanha ficou marcada por algumas limitações devido à pandemia de Covid-19, em que foi proibida a realização de comícios e obrigação de distanciamento social nos atos eleitorais. Apesar destas medidas restritivas os partidos multiplicaram as estratégias para mobilizar os eleitores, com músicas apelativas ao voto, passeatas, e contacto porta a porta.
Entre os 19 concorrentes há quatro candidatos com maiores possibilidades de virem a ser eleitos Presidente. Carlos Vila, candidato da Ação Democrática Independente (ADI), o maior partido da oposição, promete "vida nova e jogo limpo".
Delfim Neves, o atual presidente da Assembleia Nacional, apoiado pelo Partido de Convergência Democrática (PCD), a coligação no poder. Neves considera-se um candidato do povo que, se for eleito, será um Presidente diferente e mais próximo dos são-tomenses. "Candidato do povo não fica apenas no gabinete à espera das leis para promulgar e vetar. Uma outra cerimónia para presidir", promete.
O líder do Parlamento espera que as eleições decorram "com lisura, transparência e sem batota. Se for o caso, disse o Neves, "é possível vencer a primeira volta".
O Presidente cessante, Evaristo Carvalho, apelou no início da semana para que as candidaturas evitem a prática do 'banho', que considerou um aproveitamento "imoral e indecoroso" da pobreza dos cidadãos.
Boletins sem números de ordem dos candidatos
Guilherme Pósser da Costa é apoiado pelo partido que lidera a governação Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe - Partido Social Democrata (MLSTP-PSD). O advogado, que preferiu encerrar a sua campanha na região do Príncipe, promete paz, estabilidade e harmonia, teme o fenómeno "banho" e, sobretudo, a falta de algarismo nos boletins de voto, o que pode dificultar a escolha e aos eleitores menos esclarecidos.
"Realmente este é um problema que tem preocupado todos os candidatos. Os boletins anteriores normalmente traziam os números dos candidatos e nós fazemos os nossos apelos ao voto na base dos números que nos calhou. E de repente fomos informados que os boletins não têm números. Isto necessariamente levará a uma certa confusão", disse Pósser da Costa.
A antiga primeira-ministra Maria das Neves, que se candidata pela terceira vez, pede aos eleitores para não votarem nos candidatos em troca de bens materiais, mas sim no projeto que passa garantir o desenvolvimento de São Tomé e Príncipe.
"As eleições ganham-se pelas mensagens, não pelo 'banho' nem pela fraude", sublinhou, referindo-se à prática de compra de votos em troca de dinheiro.
"Desta vez, é a vez de uma mulher e São Tomé e Príncipe precisa avançar", são os slogans da campanha de Maria das Neves, que é uma das cinco figuras saídas do MLSTP que concorrem nestas eleições.
Carlos Vila Nova manifesta-se bastante confiante nos resultados de domingo. E disse ter reparado falta de confiança e um certe desanimo do povo, "sobretudo pela situação dos últimos anos, os índices de corrupção, o nepotismo, os problemas ligados à criminalidade, que estão a criar bastantes problemas a sociedade."
Falta debate de ideias
A jurista e ativista social Celisa Deus Lima entende que a campanha foi pobre, porque não houve debates de ideias. Lima preconiza que o próximo Presidente não terá uma tarefa fácil.
"Há uma total ausência da autoridade do Estado, o país tem vivido uma situação social bastante difícil, sente-se um desnorte com tendência para generalização, daí que o Presidente da república terá de ser bastante atuante", sublinha.
123 mil 302 eleitores votam este domingo (18.07) nas 262 assembleias de voto nas eleições presidenciais de São Tomé e Príncipe; o arquipélago lusófono de 200 mil habitantes. As eleições terão quatro missões de observação, da União Africana (UA), Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC), Estados Unidos da América e Japão.