15+2 prometem continuar a lutar por uma sociedade justa
28 de março de 2017Depois de quase quatro meses de audiências, a 28 de março de 2016, o Tribunal Provincial de Luanda condenou os ativistas do processo conhecido como 15+2 a penas de dois a oito anos de prisão efetiva.
Hoje em liberdade, desde junho do ano passado, após uma amnistia, um dos 15+2 ativistas, José Gomes Hata, diz que a condenação confirmou que Angola vive "numa ditadura".
"Para uns somos heróis, mas para outros somos vilões", comenta Hata em entrevista à DW África. "Infelizmente, temos de conviver com estas duas visões antagónicas que o regime incutiu na mentalidade da própria sociedade."
Benedito Jeremias, outro dos ativistas condenados em 2016, considera o 28 de março como uma data histórica: "Mais uma vez, conheceu-se o verdadeiro carácter do regime angolano. Fomos condenados de forma injusta e irresponsável pelo regime. Não nos deviam ter condenado, porque não havia razões para nos condenar", diz.
Liberdade condicionada
Mas, um ano depois, a liberdade dos ativistas continua condicionada, refere Hata.
Recentemente, a 24 de fevereiro, um grupo de jovens tentou realizar uma manifestação pacífica para solicitar o afastamento do ministro da Administração do Território, Bornito de Sousa, por conduzir o processo eleitoral e ser, simultaneamente, candidato do partido no poder, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), às eleições gerais marcadas para agosto. Mas a polícia reprimiu o protesto.
A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch condenou a ação das forças de segurança: "As autoridades angolanas estão a responder a protestos pacíficos com bastões e cães policiais. O Governo precisa de investigar a repressão policial contra os manifestantes e responsabilizar os responsáveis", afirmou Daniel Bekele, diretor da HRW para África, em comunicado.
Ainda assim, os jovens prometem continuar a protestar contra ações do Governo angolano, sempre que os direitos dos cidadãos estejam a ser violados.
José Gomes Hata avisa que nem mesmo ameaças de morte impedirão os jovens de lutar por uma sociedade justa em Angola: "Isso não nos vai demover dos nossos ideais, por uma sociedade transparente, inclusiva e democrática", afirma.