Índice Global da Paz: O mundo está menos pacífico
6 de junho de 2018O mundo tornou-se menos pacífico no ano passado, revela o Índice Global da Paz (IGP) de 2018, divulgado esta quarta-feira (06.06), em Londres, pelo Instituto para Economia e Paz (IEP). Uma tendência negativa que se regista pelo quarto ano consecutivo.
Em 2017, a paz sofreu um declínio em 92 países, embora tenha havido melhorias em 71 países, refere em entrevista à DW Steve Killelea, fundador e diretor do IEP. Em geral, a paz no mundo diminuiu nos últimos dez anos, principalmente por causa dos conflitos no Médio Oriente, explica Steve Killelea.
De acordo com o IGP, a região do Médio Oriente e o norte da África são as menos pacíficas do mundo. Na última posição do ranking, que avaliou 163 países, está a Síria, precedida por Afeganistão, Sudão do Sul, Iraque e Somália.
Mudanças positivas em África
As maiores mudanças positivas no IGP foram registadas na África subsaariana, com destaque para a Gâmbia, que subiu 35 posições no ranking e ocupa agora a 76ª posição.
A Libéria, Burundi e Senegal também fazem parte dos cinco países onde houve mudanças positivas no capítulo da paz.
Entre os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), Angola subiu nove lugares e está agora na posição 83 e a Guiné-Bissau subiu para o 116° lugar. Moçambique caiu para a posição 86. A Guiné Equatorial também desceu para o lugar 65.
Europa Ocidental menos pacífica
A região apontada como a mais pacífica do mundo é a Europa. Entre os cinco países no topo do ranking, quatro são europeus: Islândia (que continua em 1° lugar), Áustria (3°), Portugal (4°) e Dinamarca (5°) - além da Nova Zelândia (2°). A Alemanha ocupa o 17° lugar na lista.
Ainda assim, segundo o IEP, o índice de paz no Velho Continente está em declínio. E desta vez foi a Europa Ocidental que caiu no ranking, enquanto a Europa Oriental melhorou. "A paz em 23 de 36 países europeus deteriorou-se ao longo do último ano", diz Steve Killelea.
O IGP é calculado com base em 23 indicadores em três áreas: "segurança na sociedade", "conflitos" e "militarização". Por exemplo, no campo da segurança na sociedade, são tidos em conta as taxas de homicídio, o número de detidos, além do número de soldados, dos gastos militares em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) e exportação de armas.
Menos investimento em armamento
Embora a Europa esteja sob pressão do Governo norte-americano para aumentar os gastos com armamento, a tendência é de queda nos gastos com a defesa, explica o fundador do IEP. "Nos últimos dez anos, 104 países reduziram os seus gastos militares e 115 países diminuíram o número de militares", disse.
Mas a intensidade dos conflitos também aumentou significativamente nos últimos dez anos. Segundo Killelea, "o número de mortes nos campos de batalha em todo o mundo aumentou 246% e o número de vítimas mortais do terrorismo passou para 203% na última década."
Este ano, o IGP introduziu uma nova categoria: "paz positiva", que procura caracterizar a paz não apenas como a ausência de conflito e guerra, mas também examina as estruturas, os fatores sociais e as instituições que contribuem para sociedades pacíficas.
E o que é bom para a paz, também é bom para a economia, sublinha Steve Killelea. "Uma melhoria de 1% de paz positiva representa um crescimento de 1,8% do Produto Interno Bruto."
Além do sofrimento humano, também os custos económicos dos conflitos, das guerras e da violência são gigantescos: no ano passado, ascenderam a 2.000 dólares por cada habitante do planeta, segundo o IGP.